Não existem vitais e significantes formas de arte; existe apenas arte, e esta é rara. O crescimento das populações não contribuiu em nada para fazer da arte algo menos raro; simplesmente fez aumentar a habilidade com que sucedâneos podem ser produzidos e embalados.
Raymond Chandler
Friday, December 08, 2006
Saturday, June 03, 2006
Sunday, January 29, 2006
Hino do MST (Movimento dos Sem Ternura)
ocuparei
seu coração
este latifúndio improdutivo
descerrarei as porteiras
deste pasto de fantasmas do passado
e passarei a viver ali
pois só tem direito a viver nele
aqueles que pretendem viver dele
enfrentarei os senhores feudais
e seus jagunços e tocaias
usurpadores de seus sentimentos mais belos
que serão meus
reforma agrária, na lei ou na marra
entreguem-me o seu coração:
ocupar, resistir, produzir
e reproduzir...
ocuparei
seu coração
este latifúndio improdutivo
descerrarei as porteiras
deste pasto de fantasmas do passado
e passarei a viver ali
pois só tem direito a viver nele
aqueles que pretendem viver dele
enfrentarei os senhores feudais
e seus jagunços e tocaias
usurpadores de seus sentimentos mais belos
que serão meus
reforma agrária, na lei ou na marra
entreguem-me o seu coração:
ocupar, resistir, produzir
e reproduzir...
Wednesday, January 11, 2006
Monday, January 09, 2006
Ira
ira
é o que resta de mim
o pecado que compartilho
com seu Deus
(há também nossa mania de grandeza)
aprenderei a odiá-la
não sonhar com seu cheiro
não estremecer
quando se aproxima
ela,
branca, adorável & fescenina
“mulher não gosta de homem, gosta de dinheiro”
alguém pagará seu preço
reservando-se o usufruto de suas carnes
enquanto resistirem túrgidas
receberás abrigo, adornos, filhos
& até mesmo
(eventualmente)
breves orgasmos
futuro:
enquanto seu marido dorme
sonhando com malabaristas adolescentes ruivas
você procura segredos & possibilidades
reencontra
esses versos
& chora
sofre a falta
de êxtase, paixão
e de mim
mas será tarde
aprendi a odiá-la
embora
ainda sonhe com seu cheiro
e estremeça,
imperceptivelmente
quando você se aproxima
ira
é o que resta de mim
o pecado que compartilho
com seu Deus
(há também nossa mania de grandeza)
aprenderei a odiá-la
não sonhar com seu cheiro
não estremecer
quando se aproxima
ela,
branca, adorável & fescenina
“mulher não gosta de homem, gosta de dinheiro”
alguém pagará seu preço
reservando-se o usufruto de suas carnes
enquanto resistirem túrgidas
receberás abrigo, adornos, filhos
& até mesmo
(eventualmente)
breves orgasmos
futuro:
enquanto seu marido dorme
sonhando com malabaristas adolescentes ruivas
você procura segredos & possibilidades
reencontra
esses versos
& chora
sofre a falta
de êxtase, paixão
e de mim
mas será tarde
aprendi a odiá-la
embora
ainda sonhe com seu cheiro
e estremeça,
imperceptivelmente
quando você se aproxima
Monday, January 02, 2006
O poeta e a equilibrista
o amor mais improvável
o poeta e a equilibrista
surge
comprometedor
numa
Arena de Circo
este,
o poeta,
palhaço triste
figura
imponderável
e pungente
chaplin paroquial
mestre de crianças
insuspeitas
cruéis
aquela,
a equilibrista
caminhando por entre
silêncios
arriscando-se
seguramente
acima do abismo
abaixo
milhares de braços
prontos a conter
qualquer
queda
este,
busca
o riso
fácil
cúmplice
útil
de todos os homens, mulheres, crianças, da
equilibrista
versos in
sonsos
trovador
ultra passado
no
fim
o riso
sem paixão
de
com paixão
aquela,
passeia tranquilamente
sobre o
precipício
oscila
obriga a
fixação
o risco, altura, formas tão belas
desejáveis
olhos alucinados
admiram
e alguns lobos
salivam
por suas carnes
este
aquela
poeta-equilibrista
desejo estranho
ternura
devaneios
um sono
compartilhado
o sono
não realizado
provoca a
queda!
todos os olhos
suspensos
respirações
espantadas
o corpo
cai
direto
aos braços
do poeta
desastrado
estatelados
o chão
cômico intencional?
(aplausos!)
paixão
cena ensaida
não?
a equilibrista
sobrassaltada
afaga o
poeta
e lhe retribui
um beijo
marcado
de uma umidade
que o
comove
ela levanta-se
agradece as palmas
e retira-se, dolorida
ele,
arrasta-se
machucado, mas
feliz
a
partir
de
então
passou
a protegê-la
sempre
seguir
seus passos
ela
amparando-se
a dor da queda
o mundo
vendo-os
suspeitava
de um amor
secreto
as vezes
penso
talvez ele suspeitasse
talez ela?
engano
os suspiros
da equilibrista
ansiavam os
olhos, lábios, carnes e presença
do ilusionista canastrão
que as vezes
usava-se
dela
para livrar-se
de certos fluídos
incômodos
aquecer-se
quando o frio era demais
e o palhaço
de tanto insistir
percebe
que não
importa
nunca
importou
e pouco afeito
a situação
decide abandonar
o circo
algumas crianças
talvez notem
sua ausência
talvez não
não
ele vai-se
pelo mundo
a fora
desistido
de si
e de tudo
encontrará seu fim um dia
a
equilibrista
caminhando todas noites
sobre o precipício
em outras cidades
sob outros olhares
não poderá mais cair
suas pernas
com o tempo
enfraquecida
não terão mais serventia
nem para o circo
nem para o ilusionista
que prefere carnes mais
firmes
então
será
a equilibrista
do meio fio
trotoando
sublime
desafio
pela vida
um dia,
quem sabe
seus passos trêmulos
reecontrem o palhaço
o único que poderá
reconhecê-la
sem as luzes do espetáculo
quem sabe,
não.
o amor mais improvável
o poeta e a equilibrista
surge
comprometedor
numa
Arena de Circo
este,
o poeta,
palhaço triste
figura
imponderável
e pungente
chaplin paroquial
mestre de crianças
insuspeitas
cruéis
aquela,
a equilibrista
caminhando por entre
silêncios
arriscando-se
seguramente
acima do abismo
abaixo
milhares de braços
prontos a conter
qualquer
queda
este,
busca
o riso
fácil
cúmplice
útil
de todos os homens, mulheres, crianças, da
equilibrista
versos in
sonsos
trovador
ultra passado
no
fim
o riso
sem paixão
de
com paixão
aquela,
passeia tranquilamente
sobre o
precipício
oscila
obriga a
fixação
o risco, altura, formas tão belas
desejáveis
olhos alucinados
admiram
e alguns lobos
salivam
por suas carnes
este
aquela
poeta-equilibrista
desejo estranho
ternura
devaneios
um sono
compartilhado
o sono
não realizado
provoca a
queda!
todos os olhos
suspensos
respirações
espantadas
o corpo
cai
direto
aos braços
do poeta
desastrado
estatelados
o chão
cômico intencional?
(aplausos!)
paixão
cena ensaida
não?
a equilibrista
sobrassaltada
afaga o
poeta
e lhe retribui
um beijo
marcado
de uma umidade
que o
comove
ela levanta-se
agradece as palmas
e retira-se, dolorida
ele,
arrasta-se
machucado, mas
feliz
a
partir
de
então
passou
a protegê-la
sempre
seguir
seus passos
ela
amparando-se
a dor da queda
o mundo
vendo-os
suspeitava
de um amor
secreto
as vezes
penso
talvez ele suspeitasse
talez ela?
engano
os suspiros
da equilibrista
ansiavam os
olhos, lábios, carnes e presença
do ilusionista canastrão
que as vezes
usava-se
dela
para livrar-se
de certos fluídos
incômodos
aquecer-se
quando o frio era demais
e o palhaço
de tanto insistir
percebe
que não
importa
nunca
importou
e pouco afeito
a situação
decide abandonar
o circo
algumas crianças
talvez notem
sua ausência
talvez não
não
ele vai-se
pelo mundo
a fora
desistido
de si
e de tudo
encontrará seu fim um dia
a
equilibrista
caminhando todas noites
sobre o precipício
em outras cidades
sob outros olhares
não poderá mais cair
suas pernas
com o tempo
enfraquecida
não terão mais serventia
nem para o circo
nem para o ilusionista
que prefere carnes mais
firmes
então
será
a equilibrista
do meio fio
trotoando
sublime
desafio
pela vida
um dia,
quem sabe
seus passos trêmulos
reecontrem o palhaço
o único que poderá
reconhecê-la
sem as luzes do espetáculo
quem sabe,
não.
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