Hino do MST (Movimento dos Sem Ternura)
ocuparei
seu coração
este latifúndio improdutivo
descerrarei as porteiras
deste pasto de fantasmas do passado
e passarei a viver ali
pois só tem direito a viver nele
aqueles que pretendem viver dele
enfrentarei os senhores feudais
e seus jagunços e tocaias
usurpadores de seus sentimentos mais belos
que serão meus
reforma agrária, na lei ou na marra
entreguem-me o seu coração:
ocupar, resistir, produzir
e reproduzir...
Sunday, January 29, 2006
Wednesday, January 11, 2006
Monday, January 09, 2006
Ira
ira
é o que resta de mim
o pecado que compartilho
com seu Deus
(há também nossa mania de grandeza)
aprenderei a odiá-la
não sonhar com seu cheiro
não estremecer
quando se aproxima
ela,
branca, adorável & fescenina
“mulher não gosta de homem, gosta de dinheiro”
alguém pagará seu preço
reservando-se o usufruto de suas carnes
enquanto resistirem túrgidas
receberás abrigo, adornos, filhos
& até mesmo
(eventualmente)
breves orgasmos
futuro:
enquanto seu marido dorme
sonhando com malabaristas adolescentes ruivas
você procura segredos & possibilidades
reencontra
esses versos
& chora
sofre a falta
de êxtase, paixão
e de mim
mas será tarde
aprendi a odiá-la
embora
ainda sonhe com seu cheiro
e estremeça,
imperceptivelmente
quando você se aproxima
ira
é o que resta de mim
o pecado que compartilho
com seu Deus
(há também nossa mania de grandeza)
aprenderei a odiá-la
não sonhar com seu cheiro
não estremecer
quando se aproxima
ela,
branca, adorável & fescenina
“mulher não gosta de homem, gosta de dinheiro”
alguém pagará seu preço
reservando-se o usufruto de suas carnes
enquanto resistirem túrgidas
receberás abrigo, adornos, filhos
& até mesmo
(eventualmente)
breves orgasmos
futuro:
enquanto seu marido dorme
sonhando com malabaristas adolescentes ruivas
você procura segredos & possibilidades
reencontra
esses versos
& chora
sofre a falta
de êxtase, paixão
e de mim
mas será tarde
aprendi a odiá-la
embora
ainda sonhe com seu cheiro
e estremeça,
imperceptivelmente
quando você se aproxima
Monday, January 02, 2006
O poeta e a equilibrista
o amor mais improvável
o poeta e a equilibrista
surge
comprometedor
numa
Arena de Circo
este,
o poeta,
palhaço triste
figura
imponderável
e pungente
chaplin paroquial
mestre de crianças
insuspeitas
cruéis
aquela,
a equilibrista
caminhando por entre
silêncios
arriscando-se
seguramente
acima do abismo
abaixo
milhares de braços
prontos a conter
qualquer
queda
este,
busca
o riso
fácil
cúmplice
útil
de todos os homens, mulheres, crianças, da
equilibrista
versos in
sonsos
trovador
ultra passado
no
fim
o riso
sem paixão
de
com paixão
aquela,
passeia tranquilamente
sobre o
precipício
oscila
obriga a
fixação
o risco, altura, formas tão belas
desejáveis
olhos alucinados
admiram
e alguns lobos
salivam
por suas carnes
este
aquela
poeta-equilibrista
desejo estranho
ternura
devaneios
um sono
compartilhado
o sono
não realizado
provoca a
queda!
todos os olhos
suspensos
respirações
espantadas
o corpo
cai
direto
aos braços
do poeta
desastrado
estatelados
o chão
cômico intencional?
(aplausos!)
paixão
cena ensaida
não?
a equilibrista
sobrassaltada
afaga o
poeta
e lhe retribui
um beijo
marcado
de uma umidade
que o
comove
ela levanta-se
agradece as palmas
e retira-se, dolorida
ele,
arrasta-se
machucado, mas
feliz
a
partir
de
então
passou
a protegê-la
sempre
seguir
seus passos
ela
amparando-se
a dor da queda
o mundo
vendo-os
suspeitava
de um amor
secreto
as vezes
penso
talvez ele suspeitasse
talez ela?
engano
os suspiros
da equilibrista
ansiavam os
olhos, lábios, carnes e presença
do ilusionista canastrão
que as vezes
usava-se
dela
para livrar-se
de certos fluídos
incômodos
aquecer-se
quando o frio era demais
e o palhaço
de tanto insistir
percebe
que não
importa
nunca
importou
e pouco afeito
a situação
decide abandonar
o circo
algumas crianças
talvez notem
sua ausência
talvez não
não
ele vai-se
pelo mundo
a fora
desistido
de si
e de tudo
encontrará seu fim um dia
a
equilibrista
caminhando todas noites
sobre o precipício
em outras cidades
sob outros olhares
não poderá mais cair
suas pernas
com o tempo
enfraquecida
não terão mais serventia
nem para o circo
nem para o ilusionista
que prefere carnes mais
firmes
então
será
a equilibrista
do meio fio
trotoando
sublime
desafio
pela vida
um dia,
quem sabe
seus passos trêmulos
reecontrem o palhaço
o único que poderá
reconhecê-la
sem as luzes do espetáculo
quem sabe,
não.
o amor mais improvável
o poeta e a equilibrista
surge
comprometedor
numa
Arena de Circo
este,
o poeta,
palhaço triste
figura
imponderável
e pungente
chaplin paroquial
mestre de crianças
insuspeitas
cruéis
aquela,
a equilibrista
caminhando por entre
silêncios
arriscando-se
seguramente
acima do abismo
abaixo
milhares de braços
prontos a conter
qualquer
queda
este,
busca
o riso
fácil
cúmplice
útil
de todos os homens, mulheres, crianças, da
equilibrista
versos in
sonsos
trovador
ultra passado
no
fim
o riso
sem paixão
de
com paixão
aquela,
passeia tranquilamente
sobre o
precipício
oscila
obriga a
fixação
o risco, altura, formas tão belas
desejáveis
olhos alucinados
admiram
e alguns lobos
salivam
por suas carnes
este
aquela
poeta-equilibrista
desejo estranho
ternura
devaneios
um sono
compartilhado
o sono
não realizado
provoca a
queda!
todos os olhos
suspensos
respirações
espantadas
o corpo
cai
direto
aos braços
do poeta
desastrado
estatelados
o chão
cômico intencional?
(aplausos!)
paixão
cena ensaida
não?
a equilibrista
sobrassaltada
afaga o
poeta
e lhe retribui
um beijo
marcado
de uma umidade
que o
comove
ela levanta-se
agradece as palmas
e retira-se, dolorida
ele,
arrasta-se
machucado, mas
feliz
a
partir
de
então
passou
a protegê-la
sempre
seguir
seus passos
ela
amparando-se
a dor da queda
o mundo
vendo-os
suspeitava
de um amor
secreto
as vezes
penso
talvez ele suspeitasse
talez ela?
engano
os suspiros
da equilibrista
ansiavam os
olhos, lábios, carnes e presença
do ilusionista canastrão
que as vezes
usava-se
dela
para livrar-se
de certos fluídos
incômodos
aquecer-se
quando o frio era demais
e o palhaço
de tanto insistir
percebe
que não
importa
nunca
importou
e pouco afeito
a situação
decide abandonar
o circo
algumas crianças
talvez notem
sua ausência
talvez não
não
ele vai-se
pelo mundo
a fora
desistido
de si
e de tudo
encontrará seu fim um dia
a
equilibrista
caminhando todas noites
sobre o precipício
em outras cidades
sob outros olhares
não poderá mais cair
suas pernas
com o tempo
enfraquecida
não terão mais serventia
nem para o circo
nem para o ilusionista
que prefere carnes mais
firmes
então
será
a equilibrista
do meio fio
trotoando
sublime
desafio
pela vida
um dia,
quem sabe
seus passos trêmulos
reecontrem o palhaço
o único que poderá
reconhecê-la
sem as luzes do espetáculo
quem sabe,
não.
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